quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Assista seu televisor desligado por uma vida inteira

 Em outubro de 2011, o aparelho de televisão que me viu crescer trabalhou a meu favor pela ultima vez, na exposição  “Faça Algo Errado; e Diga que Fui Eu que Mandei Fazer” no Sesc de Joinville/SC.

Segue abaixo o pequeno manifesto/carta de óbito que produzi pra ocasião, algumas fotos e alguns textos de divulgação publicados nos jornais.
gg, 12/12/12






Pra que serve uma televisão sem VHS ou DVD ? Pra NADA. 

A televisão da foto me viu crescer. Durante anos e anos foi a responsável por corrosões irreversíveis em minha educação. Foi minha primeira professora de verdade, e se pudesse falar seria meu mais fiel diário por no mínimo 15 anos. É uma TV de sorte, enquanto a maioria desses aparelhos nasce com a medíocre missão de exibir futebol, biografias  de Jesus e novelas, a minha fiel companheira cumpriu a missão exclusiva de destruir minha noção de realidade(e de todos que se aproximaram de mim) para sempre, lentamente, filme a filme.





Criada originalmente como uma máquina a serviço do mais puro mal, ela se rebelou contra sua raça de dominadoras e se tornou uma guardiã da bondade, uma nobre heroína do contrabando de VHS desbotado. Com o advento do DVD, não consegui de jeito nenhum exibir filmes com cores nela (nem indo pro Paraguay buscar um transcoder) e de professora ela passou a mera observadora passiva de minha vida.

Percebendo que seu tempo foi outro, e que se tornou obsoleta, optou pela sábia decisão de retornar a sua cidade natal, JOINVILLE, para morrer com classe e tornar visível seu SUICÍDIO/ASSASSINATO na exposição “Faça Algo Errado; e Diga que Fui Eu que Mandei Fazer”, com curadoria e homicídio culposo de Kamilla Nunes, Priscilla Menezes & Teresa Siewerdt .

Um ultimo ato kamikaze de amor de um aparelho que nunca sentiu tédio/exibiu futebol e novela, em toda sua emocionante vida.

Se você estiver na cidade pode conferir pela ultima vez nossa amiga encerrando & ao mesmo tempo, subindo na vida. Com muita classe, se tornando uma honrosa e radical frequentadora suicida de galerias de arte.
gurcius gewdner, 17/10/2011





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Como aproveitar ao máximo seu aparelho de televisão, em 3 dicas básicas:


1 - Destrua você mesmo, ou doe pra alguma pessoa querida, destruir em uma exposição de arte, como essa aqui: http://www.canalcontemporaneo.art.br/_v3/site/evento.php?idioma=br&id_evento=8077#8077

2 - Depois, vá ao canal de televisão mais próximo, e faça o apresentador fazer papel de palhaço perante o país inteiro. Que de preferencia ele seja um politico bem paspalhão metido a salvador, e que ainda traga como convidado o futuro prefeito da cidade. Use a Tv de um amigo que ainda usa pra gravar, e coloque legendas em inglês, pro canal ser esculhambado mundialmente.



3 - Por fim, consiga amigos que confiem em você o suficiente pra te dar o seu PRÓPRIO programa de TV. E deixe claro a cada segundo de programa, o quanto televisão é uma bosta e de que formas você pode ajudar a destruí-la.http://www.youtube.com/watch?v=WikuMrfpiMc

gurcius gewdner, 18/10/2011


FAÇA O QUE ELES DIZEM!

"Tubo infecto para uns, caixa do diabo para outros, arma de dominação e alienação para outros tantos. Gurcius Gewdner tem um apreço especial pela sua telinha, que por 15 anos o serviu como “fiel companheira na missão exclusiva de destruir a sua noção de realidade”. E vai além: “Criada originalmente como uma máquina a serviço do mais puro mal, ela se rebelou contra sua raça de dominadoras e se tornou uma guardiã da bondade, uma nobre heroína do contrabando de VHS desbotado.”

Com o advento do DVD, a “professora” perdeu a sua utilidade, ficou obsoleta e sua “morte assistida” virou um tributo. O suicídio/assassinato do velho tubão integra a exposição Faça Algo Errado; e Diga que Fui Eu que Mandei Fazer, que está em exibição no Sesc Joinville. Além de Gurcius, são quase 50 artistas envolvidos nesta ação, cuja curadoria é de Kamilla Nunes, Priscilla Menezes e Teresa Siewerdt."

do Diário Catarinense, de 26 de outubro de 2011, por Marcos Espíndola



DESTRUIÇÃO TELEVISIONADA

Eis o momento "vândalo" de Priscilla Menezes, uma das curadoras e também expositora da mostra "Faça algo errado; e diga que fui eu que mandei fazer, que rola até 8 de novembro na galeria do SESC de Joinville. O homicídio culposo da televisão foi cometido com instruções do artista americano Joseph Grigely, mas o objeto do atentado pertencia a Gurcius Gewdner, videomaker e líder da banda Os Legais, que hoje mora em Floripa e resolveu liberar o velho aparelho pra um admirável sacrifício em nome da arte. "Percebendo que seu tempo foi outro, ele optou pela sábia decisão de retornar a sua cidade natal, Joinville, para morrer com classe e tornar visível seu suicídio/assassinato na exposição, conta Gewdner e arremata: "Um ultimo ato camicaze de amor de um aparelho que nunca sentiu tédio - exibiu futebol e novela - em toda sua emocionante vida." As vísceras eletrônicas estão a mostra no SESC pra todo mundo ver.


do A NoTICIA de 21 de outubro de 2011, por Rubens Herbst

quarta-feira, 23 de maio de 2012